Síntese Histórica

História Parque Histórico Marechal Manuel Luis Osorio

          Há vários anos, um grupo de oficiais do Exército Brasileiro vinha se empenhando no sentido identificar, o local exato onde teria nascido MANOEL LUIS OSORIO - que foi em vida Marechal de Exército, Ministro da Guerra e Senador do Império, sendo considerado senão o maior, pelo menos um dos maiores heróis da Nação Brasileira, recebendo o título nobre do Marques do Herval e, na atualidade, patrono da Arma de Cavalaria do Exercito Brasileiro.

          Aquele grupo de oficiais, nos anos de 1968/1969, conseguiu, após demoradas pesquisas, localizar exatamente a casa onde nascera OSORIO, situada no atual município de Tramandaí – RS, próximo aos limites com o município de Osório. Quando Osorio nasceu as terras se chamavam “Nossa Senhora Conceição do Arroio”, atual município de Osorio, ao qual é dividido em 2:  litoral (Tramandaí) e outro no interior (Osorio)  

          Foi nomeada uma comissão para reconstruçao da Casa de Osorio. O primeiro trabalho da Comissão, após ser nomeada, foi o de limpar a área da “Casa de Osorio” que infelizmente estava em escombros, a fim de ser iniciada a sua reconstrução, com o consentimento do proprietário do terreno – Sr Romário Machado – Para oficializar a continuidade dos trabalhos, convidamos, o Gen Médici Cmt do III Exército, o Governador Perachi Barcellos, os Gen do QG/ III Ex e vários Coronéis para visitarem o mencionado local da casa, proporcionando, dessa maneira, o conhecimento dos trabalhos da Comissão e possivelmente um auxílio na consecução da obra. Essa visita foi realizada no dia 09 de maio de 1969. A comitiva, composta por aquelas autoridades fez o percurso PORTO ALEGRE - OSÓRIO – PORTO ALEGRE em avião da FAB, cedido gentilmente pelo Brigadeiro Cmt do V COMAER.

          No local da visita (casa), estava tudo limpo, existindo o alicerce e o material separado cuidadosamente (telhas, tábuas, vidros, tijolos, portas, janelas, etc), para serem recuperados e usados na mencionada reconstrução.

          Foi feita uma documentação completa para a construção da casa (plantas, necessidades, verbas, desembolsos, aquisições, etc), e contando com as doações da Caixa Econômica Federal, que na época era autônoma,  tinha como seu Presidente, o Sr Kanitar Camboim Martins, amigo e velho companheiro do colégio Militar de Porto Alegre, iniciou-se a reconstrução da casa de Osorio, com a verba de Cr$ 60.000 (cruzeiros) em junho de 1969.

Reconstrução da Casa de Osorio e início do Parque

          Os operários foram chefiados pelo Cap TIELLET e Sr IVO RAMOS. Em certa ocasião, no mês de Setembro de 1969, os membros da Comissão constataram que a distância entre a rodovia OSORIO-TRAMANDAI e a casa de OSORIO era de aproximadamente 1.500 metros, que estavam e teriam que ser percorridas em terras do Sr Romário Machado. Negociaram com o proprietário aquisição de 40 hectares, englobando, praticamente, em “corredor” entre a casa e a rodovia, que foram pagas com a importância cedida pelo Sr Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Entre os meses de Outubro, Novembro e Dezembro daquele ano, a comissão empolgada com o trabalho de seus membros resolveu adquirir mais terras e, assim, dos 41 hectares iniciais passaram para uma área de cerca de 178 hectares, devida e plenamente escriturados no Cartório do Município de OSÓRIO.  

          Com a casa praticamente pronta, surgiu a ideia de transformar a área em Parque Histórico Eduardo Arigony e Manfredo Weimann, com a finalidade de realizar o “projeto”, que viria a se tornar o Parque Historico Marechal Osorio contando com:

• Museu Histórico (que seria a própria casa);
• Galpão Tradicionalista;
• Jazigo (para, futuramente, deslocar os restos mortais de OSÓRIO);
• Escola primária (para ser transformada em escola rural);
• Casa para morada dos “zeladores” (Guardiões) do Parque;
• Baia–padoque (para ter sempre um cavalo tordilho, representando a montaria de OSÓRIO);
• Uma praça onde pudessem ser hasteadas todas as bandeiras dos Estados Brasileiros;
• Casa para abrigar os membros da comissão;
• Campo de pólo;
• Linha de tiro;
• Locais destinados à prática de esportes (basquete, vôlei, futebol, aerodinâmicos, etc);
• Locais para pratica da equitação;
• Local para “camping”;
• Plano viário para percorrer todas as Dependências do Parque;
• Local destinado às festividades do dia da CAVALARIA (particularmente para exercitar o Carrossel e a Carga).

          Nesse meio tempo no mês de Outubro, morre o Presidente Costa e Silva e assume o mais alto cargo da republica o Gen Emílio Garrastazú Médici, que estava no comando do III Exército. Como já tínhamos um certo compromisso com o Gen Médici, a comissão resolveu, de comum acordo, pedir uma audiência àquela alta autoridade, a fim de lhe colocar a par das transformações que tencionávamos realizar naquele local, ou seja, falar-lhe da construção da casa e do pretenso Parque Osório. Quatro membros da Comissão, embarcaram dia 02 de Janeiro de 1970, com destino ao Rio de Janeiro (Cel Boscacci Guedes, Ten Cel Helder Macedo Gaudie-ley, Maj Danton Eifler Nogueira e Maj Homero Rojes da Cunha).

          Coube ao Cel Edison, presidente da comissão apresentar o projeto ao presidente, que relatou o trabalho da Comissão, não só na aquisição regular da área como, também, da ideia para a construção de um Parque Histórico, o qual teria por finalidade a cultura, o lazer, a historia e o engrandecimento dos grandes heróis nacionais, particularmente o Marechal OSORIO. 

          Após apresentação da planta, Cel Edison procedeu ao relatório completo sobre o assunto, sentindo que o Sr Presidente se entusiasmou com a ideia, aprofundaram nos detalhes de cada ponto. 

Construção do Parque

          Após a nossa exposição, o Sr Presidente disse que iria dar pleno apoio à construção do Parque Histórico e que esse mencionado apoio seria realizado por intermédio dos Senhores Ministros do Transporte (Mario Andreazza), da Educação e Cultura (Jarbas Passarinho) e do Planejamento (Reis Velloso). O Sr Ministro da Educação, daria a verba suficiente para a construção da “ESCOLA”, do “GALPÃO TRADICIONALISTA” e da “ÁREA ESPORTIVA”; o Sr Ministro dos Transportes ficaria com a construção do “PLANO VIÁRIO” (4500 metros de solo-cimento com revestimento asfáltico), do “CAMPO DE PÓLO”, da “LINHA DE TIRO”, do “JAZIGO”, da “BAIA-PADOQUE”, da “PRAÇA DOS ESTADOS”, e outros eventos, o Sr Ministro do Planejamento, em princípio, ficaria com o desembolso para construção do restante das obras que abrangeriam o conjunto do PARQUE.

Desdobramentos da audiência      

          Antes de encerrar a audiência o Sr Presidente, que era um conhecedor profundo da História do Brasil, alertando-nos que durante a Revolução Farroupilha, o legendário GIUSEPPE GARIBALDI, teria passado com os dois barcos (“lanchões-artilhados”) por aquelas terras onde nasceu OSÓRIO. Complementou na sua narrativa informando que as duas embarcações (SEIVAL e FARROUPILHA) tinham sido construídas no Arroio Conceição, distante cerca de 90 quilômetros daquele local e que vinham sendo transportadas por dois “carretões”, cada um tracionado por 50 juntas de bois. Solicitou que indicássemos ao Sr Ministro ANDREAZZA para que mandasse construir no “ESTALEIRO SÓ” em Porto Alegre, uma replica do barco SEIVAL, a fim de ser colocado próximo a casa de OSÓRIO, por onde, contava a história, teriam passado aquelas embarcações.

          Foi feito um convite ao Sr Presidente para contar com sua presença para a inauguração do Parque. Em resposta ele nos disse: “se as obras estiverem concluídas até o dia 10 de maio de 1970, estaria presente para a inauguração, levando na sua comitiva o Vice-Presidente, Ministros, os Oficiais-generais da ativa oriundos de CAVALARIA, e líderes políticos do Governo”.

          Do Rio de Janeiro, viajamos para Brasília, com a finalidade de contatarmos com cada um dos Ministros indicados pelo Sr Presidente. Após tomarem conhecimento dos respectivos assuntos, os Srs. Ministros determinaram o seguinte:

          Ministro ANDREAZZA: Sr José Portella, Presidente da Sultepa, ficará encarregado de realizar todas as obras da responsabilidade do Ministério do Transporte incluindo o barco Seival junto ao estaleiro SÓ.  

          Ministro PASSARINHO: Após recebecimento das plantas da escola e o montante das demais obras referente ao Ministério da Educação, a verba seria remetida diretamente à Comissão.

          Ministro REIS VELLOSO: autorizou a construção inerente ao Ministério do Planejamento, cujas despesas seriam autorizadas de acordo com a chegada no Ministro da Defesa da documentação encaminhada pela Comissão.

         Retornam a Porto Alegre. O Sr Portella resolveu iniciar os trabalhos daquilo que ficaria a seu encargo. A partir daquele momento, constatamos em cada funcionário e no operário de construção das diversas obras, um entusiasmo indescritível, uma boa vontade a toda prova e um dinamismo que empolgou todos os membros da Comissão.

“Texto adaptado, escrito pelo Exmo Sr Gen Ex EDISON BOSCACCI GUEDES, Presidente de Honra da Fundação Parque Histórico Marechal Manoel Luis Osório em sua síntese histórica sobre a criação do Parque localizado em Tramandaí-RS”.